Escritório em São Paulo
Minha família é de
origem mineira. Meu pai era pintor sacro (pintou vários painéis de fundo
religioso em muitas igrejas do interior de Minas Gerais) e, para sustentar a
família (pois arte não dá dinheiro), trabalhava como pedreiro.
No final da década de
1950, conversando com o meu tio e minha tia que moravam em Barretos, e buscando
melhor condição de vida para a família, surgiu a ideia de meu pai vir para
Barretos, onde se empregou no Frigorifico Anglo, como encarregado da turma de
pedreiros que trabalhava nas colônias. Depois de alguns meses, conseguiu uma
casa na colônia, na avenida São Paulo, e foi buscar a família em Minas. Eram
sete filhos e o mais velho, eu, tinha pouco mais de 12 anos.
Infelizmente, meu pai
adoeceu e morreu prematuramente aos 43 anos de idade, no dia 3 de outubro de
1961, deixando minha mãe viúva com uma penca de filhos pequenos para criar. D.
Conceição, minha mãe, foi uma lutadora e priorizou a família. Viúva, bonita,
com 36 anos de idade, recebeu propostas de casamento, mas para proteger os
filhos, não aceitou.
Todos os filhos completaram o curso superior,
menos o Antonio, que fez outra opção. A família, após a morte de meu pai,
recebeu muito apoio dos vizinhos, principalmente dos que moravam no mesmo bloco
da colônia, como D. Palmyra e Sr. Luizão, moradores da casa contígua.
Fotografia
constante na minha carteira profissional (era menor de idade).
Eu, com 15, e minha irmã, com 14 anos, nos empregamos na
fábrica. O salário de um funcionário menor de idade era a metade do salário
mínimo e tanto eu quanto minha irmã usávamos este dinheiro para complementar a
pensão de viúva que minha mãe passou a receber para o nosso sustento. Minha
irmã foi trabalhar na seção de vendas e eu fui limpar o chão com vassourão na
Descarneação (Desossa). O chefe era o Chimango e me recordo do Sr. Costa, pai
da Zainha, do Roda e da Cristina, que trabalhava como desossador e me dava
apoio. Depois, quando começou o abate de aves, fui transferido para a seção e,
com outro rapaz (Ozéas), transportava as aves em um gaiolão do galinheiro para
a sala de abate, próxima à sala de matança de bois. O chefe da Matança de Aves
era o Sr. Nephtaly Bittencourt. Como eu estudava e era habilidoso na escrita, fazia para ele o
relatório de produção e rendimento. Então, quando precisaram de um estoquista,
fui transferido para a seção de Conservas, cujo chefe era o Sr. Antônio
Batista. Foi nesse departamento que conheci a minha esposa Adeci. Certo dia, o
Sr. Batista disse-me que o gerente Sr. Bartlett queria falar comigo. Fiquei
assustado, mas ele me tranquilizou, dizendo que era notícia boa. Apresentei-me
na Gerência e a conversa resultou em um convite para trabalhar como calculista
no Departamento de Custos, cujo chefe era o Sr. Bardoe. Nesse período, casei-me
e fui morar na Av. Campinas, quase no final, sendo vizinho do Sr. Leão; mas
logo depois mudei para a Av. São Paulo, na casa vizinha à do Sr. Inácio e D.
Sonia.
Destaquei-me no
departamento de Custos e, por conseguinte, fui convocado para instalar o
controle de estoques e de custos no frigorífico de Goiânia, o qual havia
recentemente sido inaugurado. O sr. Bardoe (chefe do Departamento) se aposentou
e então contrataram um argentino de ascendência britânica para substituí-lo. Infelizmente,
o novo encarregado não se deu bem, ocorreram alguns problemas e precisou vir de
Londres um especialista para resolver a situação. Nessa época, o gerente da
fábrica era o Sr.Cunnigham e ele decidiu que o chefe recém-contratado fosse
dispensado, nomeando-me para a chefia, onde fiquei vários anos.
Mudei-me então para a
Av. Central, na casa onde havia morado o Sr. Nephtaly (ficava entre a do
Neno-Sinhá e do Sabiá-Direce). Logo depois, mudei-me para a colônia dos
ingleses, na Av. Federal. Minha casa era a primeira à direita, vizinha da
residência do Joaquim Sola, confrontando com as casas da Av. Central onde
moravam o Sr. Diamantino e o Sr. Mário Pereira. Minha secretária no
departamento de Custos era a Rosane (filha do Epifânio) e faziam parte da minha
equipe: Ali Salomão, Luis Borges, Hélio Perazolli, Carlos Foresto e muitos
outros como Roberto Pereira, Ivan Kandratavius, José Valeretto, Celso
Valeretto, Eli Daniel, etc.
Tempos depois, vagou o
cargo de Diretor Geral de Produção e Custos em São Paulo e fui escolhido por
Londres e pela Presidência para ocupá-lo. Para preparar-me, mudei-me com a família para a Austrália, onde fiquei
durante um ano em treinamento em três frigoríficos, como também no Escritório
Central de Sydney.
(Sydney. Austrália)
Meus filhos voltando da escola no
período em que moramos lá.
Assim,aprendi muito e
pude melhorar o meu inglês. Voltei ao Brasil e assumi o cargo de Diretor, pela
primeira vez ocupado por um brasileiro, pois desde a fundação da Anglo, tal cargo
era exercido apenas por britânicos. Fui diretor durante 14 anos, participando
da tomada de importantes decisões, como a construção do Frigorífico de Gurupi e
a compra do Frigorífico Atlas. Mais tarde, acumulei também a função de atuar no
gerenciamento das vendas nos mercados interno e de exportação. Dentre outros,
participaram da minha equipe: Michael Nunn, Dominic McDermott, Mark Duffen,
José Rodriges (Zé do Peixe), Álvaro Mesquita e John Hunter.
Eu viajava anualmente
para Londres para discutir orçamentos e resultados e visitava as filiais de
vendas dos grupos de Hamburgo, Rotterdam, Genova, Barcelona, Zug (Suíça) e
outras. Na negocição de grandes contratos, como a venda de carne para Israel,
Irã e Iraque, visitei, também, estes
países.
Comecei trabalhando em
São Paulo, no escritório da rua Anchieta, (próximo da Praça da Sé). Depois, o
escritório mudou-se para a rua Campo Verde (esquina da av. Faria Lima), posteriormente
para prédio próprio na rua Felipe dos Santos (na Liberdade-São Joaquim) e,
finalmente, para a rua Afonso Brás (Vila Nova Conceição). Comecei na Anglo como
varredor do chão da descarneação, aposentei-me como Diretor e me orgulho disso.
QUE HISTÓRIA DE VIDA MARAVILHOSA. EXCELENTE DETERMINAÇÃO E VONTADE DE VENCER. EXEMPLOS A SEREM SEGUIDOS. PARABÉNS. QUE DEUS CONTINUE NO COMANDO DE SUA VIDA.
ResponderExcluirCarreira maravilhosa...parabéns Leopoldo.... Jorge Silva 03/03/2021
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