quarta-feira, 11 de julho de 2012

Família Sarri


Da Itália ao Brasil: Chegada da Família Sarri
Escrito por Lucas Bonatelli Malho, relato de Maria Aparecida Sarri Bonatelli

Giovana Lunardelli (no Brasil ficou Joana)  e Domingos Sarri

Deixando para trás a Itália, sua história, amigos, vizinhos, familiares e momentos, para enfrentar a longa e dura viagem de navio ao cruzar o Atlântico, a Família Sarri embarca em Treviso, uma província da região de Veneto, na Itália, além-mar, rumo à "Terra de Vera Cruz".
Sua chegada ao Brasil ocorreu por volta de 1914, no Porto de Santos, estado de São Paulo. A Família era composta pelo patriarca Domingos Sarri e pela matriarca Joana Lunardelli, além de seus filhos: Primo Sarri (nome escolhido por ser o primeiro filho do casal), Guido Sarri, Sérgio Sarri, Carméla Sarri e Tizira Sarri.
A família italiana começou sua longa e marcante jornada no Brasil tão logo aqui chegou. De Santos, eles foram remanejados para trabalhar na lavoura no município de Nuporanga. Assim, já no Brasil, o casal teve mais cinco filhos: Alfredo Sarri ou Tio Ben (Sua mãe dizia que o teve no navio, vindo a ser registrado no Brasil), Hermantino Sarri (Tio Nego), Julio Sarri, Ida Sarri e Edis Sarri. Depois de trabalharem em Nuporanga, mudaram-se para a Fazenda da Serra (Andes - entre Colina e Bebedouro), a fim de também lidar com a lavoura. Continuando ainda na vida dura e difícil do Brasil Rural, mudaram-se para Guaraçai -  noroeste do estado de São Paulo, para também tirar o sustento da família da terra. Nessa fazenda, as casas não possuíam portas nem janelas e se escutavam, na calada da noite, ( nem tão calada) em meio a mata fechada ,os uivos das onças, que os deixavam arrepiados.
Com o pouco dinheiro guardado do trabalho de todos no campo, foi possível realizar um pequeno investimento em um restaurante que estava sendo vendido no Frigorífico Anglo, no município de Barretos. Assim, num fluxo que viria a ser fundamental na estrutura econômica brasileira, realizaram seu pequeno êxodo rural e se mudaram para Barretos, fixando-se no Frigorifico Anglo, em 1945, ano em que, num contexto maior, foi marcado pelo triste período da Segunda Guerra Mundial a qual, por incrível que pareça, viria a influenciar no cotidiano da pequena comunidade do Frigorífico. As filas para se conseguir farinha, açúcar e alimentos eram eternas e, dessa forma, os proprietários do único armazém ficavam à mercê da Guerra, sem ter condições de fazer algo para os moradores.

A Grande Família
Quando chegaram ao Frigorifico e se fixaram no restaurante, ocorreu o primeiro desafio: Como conviver naquele local, com uma família formada por 20 pessoas?!
Na casa que existia atrás do restaurante havia quatro quartos, sala, cozinha e um banheiro. Para acolher melhor toda a família, foram construídos mais quatro quartos, porém o único banheiro gerou, por muitos anos, longas filas e batidas na porta. Todavia, um banheiro com banheira e água quente era motivo suficiente para que todos demorassem no banho.

Árduo Trabalho
O Restaurante - Armazém - Bar - Padaria da Família tinha uma função importante no Frigorífico, pois era responsável por alimentar os trabalhadores da Anglo e moradores do local. Sendo assim, toda a família trabalhava no negócio para melhor atender os fiéis fregueses e amigos. Às três e meia da manhã estavam de pé para começar a limpeza e preparar o café da manhã para os trabalhadores, pois o trenzinho que vinha de Barretos chegava às seis horas da manhã com os operários da Anglo. O cheiro do café exalava pelo restaurante e, pingado no leite, era acompanhado por um delicioso pãozinho quente com manteiga, feito no próprio restaurante. Serviam café para mais ou menos 30 a 40 trabalhadores todos os dias e terminar de servi-lo significava que o trabalho estava apenas começando, já que o almoço teria de estar pronto até as onze da manhã.

Família Sarri, Joanna (Giovana) e Domingos, filhos, genros e noras. Foto de Carla Patricia Sarri 

Dona Maria Cozinheira e suas ajudantes faziam um delicioso arroz, feijão, salada e bife acebolado – comida tipicamente tradicional nas mesas brasileiras. Quando parecia que o dia estava acabando, iam novamente pegar no batente, pois a janta era servida entre seis e oito da noite, sempre regada de uma bela panelada de sopa. E, finalmente, encerravam o dia de batente no restaurante. Árduo serviço que toda a família,  com muita felicidade, contribuía para o negócio prosperar.  Salário não conheciam, pois como a estrutura de trabalho era familiar, utilizavam o dinheiro de acordo com o surgimento de necessidades. “Roupas e sapatos eram raros, pois lembro-me de ter usado vestidos de saco de farinha, para economizar o pouco dinheiro que tínhamos”, relata Aparecida Sarri Bonatelli. Claro que isso gerava risadas de alguns moradores, já que não era comum costurar vestidos em sacos de farinha. Mas sabiam que esbanjar não estava em suas prioridades naquele momento.



Restaurante Sarri 


             Joana Lunardelli e Domingos Sarri

         Primo Sarri e Madalena Batista de Souza
         Guido Sarri e Maria Aparecida Paschoaleto
         Sérgio Sarri e Maria Pires Santana
         Carméla Sarri e J oão
         Tizira Sarri e Zacarias Pires Santana
         Alfredo Sarri e Alice Pires Santana
         Hermantino Sarri e Julieta Betini
         Julio Sarri e Ana Coltri
         Ida Sarri e Domingos Mateus Martins
         Edis Sarri e Odete Vinhotis



Da esquerda para a direita: Maria de Lucente, Tenente e Cidinha Bonatelli, filha de Primo Sarri. Cidinha casou-se com Wilson Bonatelli, filho de Mario Bonatelli e Brasilina.  Foto de 1955. 






14 comentários:

  1. Bonito relato. Gostei. Parabéns. Repito, são com as pequenas histórias que fazemos a História!

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  2. Que bacana,..FAMILIA SARRI unica,... parabéns.

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  3. Muito bom conhecer as origens. Sou neto de Edis Sarri e Odete Vinhotis.

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  4. QUE BELA HISTÓRIA, A SAGA DA FAMÍLIA SARRI!
    INTERESSANTE!

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  5. Puxa vida!!! Minha mãe adorava q eu fosse toda tardinha depois da escola,comprar pão pão mandy, e pão sovado no restaurante, é q eu voltava rápido e os pães não esfriavam e ainda mandava marcar na caderneta(marca pró meu pai ) e saia correndo, ei menina,quem é seu pai????????? É Seu Pedro Lobo !!!!!!!!! Os tempo maaraaviilhoosooooooooooo !!!!!!!

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  6. Puxa vida!!! Minha mãe adorava q eu fosse toda tardinha depois da escola,comprar pão pão mandy, e pão sovado no restaurante, é q eu voltava rápido e os pães não esfriavam e ainda mandava marcar na caderneta(marca pró meu pai ) e saia correndo, ei menina,quem é seu pai????????? É Seu Pedro Lobo !!!!!!!!! Os tempo maaraaviilhoosooooooooooo !!!!!!!

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  7. Puxa vida!!! Minha mãe adorava q eu fosse toda tardinha depois da escola,comprar pão pão mandy, e pão sovado no restaurante, é q eu voltava rápido e os pães não esfriavam e ainda mandava marcar na caderneta(marca pró meu pai ) e saia correndo, ei menina,quem é seu pai????????? É Seu Pedro Lobo !!!!!!!!! Os tempo maaraaviilhoosooooooooooo !!!!!!!

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  8. Olá, meu nome é Gleisson José Sarri, filho de Jurandy e neto de José Sarri, gostaria de saber se existe algum parentesco entre nós, pois minha tinha Sonia diz que sim, somos primos.
    Resido em Castilho, mas minha família veio para Guaraçaí/SP.

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  9. Deixo meu telefone (18)3741-1376, cel. (18)98109-3287 caso queiram entrar em contato. Ou deixem algum contato para mim.

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  10. Minha avó era Sarri, vieram para Guaraçaí e depois se estabeleceram em Mirandópolis-SP, decadas depois alguns migraram para São Paulo! Muito bacana esse relato.

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  11. Meus avós Thizira Sarro e Zacarias pira Santanna, me lembro exatamente dos inúmeros picolés de groselha no palito sem o papel,kkk, q tinha no restaurante do frigorífico, adorávamos!!!! Infância inesquecível ❤️❤️❤️❤️

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  12. Meus avós Thizira Sarro e Zacarias pira Santanna, me lembro exatamente dos inúmeros picolés de groselha no palito sem o papel,kkk, q tinha no restaurante do frigorífico, adorávamos!!!! Infância inesquecível ❤️❤️❤️❤️
    Linda história 😍

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